Quando vi pela televisão a reunião, presencial, do Presidente Bolsonaro com seus Ministros e, via videoconferência, com todos os Governadores da República, confesso que fiquei até animado, seria indúcias, fato novo que poria o país em ritmo de acertos e o alvorecer de um novo tempo tão necessitado para o nosso país. O clima parecia de uma paz inebriante e tranquilizadora, afinal era o Governador de São Paulo, João Doria elogiando o comportamento do Presidente Jair Bolsonaro na condução daquela reunião, depois de tantos desentendimentos.
A sequência dos fatos não foram animadores, o Ministro Celso de Melo, STF, libera a famosa fita indicada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, como prova das suas alegações para deixar o Governo Bolsonaro, o resultado foi simplesmente devastador, não só para a classe política como para o povo brasileiro que assiste incrédulo a sequência de fatos constantes naquele documento gravado em fita e exposto em via nacional.
Posso dizer aos leitores que no auge dos meus 67 anos, depois de muita luta com passagem por várias empresas, nacionais e internacionais, pequenas, médias e grandes, ocupando vários cargos na minha carreira profissional, saindo de balconista de farmácia até diretor de laboratório farmacêutico; no campo político, tendo ocupado alguns cargos em partidos políticos, dois dos quais participei, inclusive a presidência de um deles e secretário no outro; jamais pude imaginar que um dia ia presenciar alguma reunião, de caráter oficial, para deliberação e acertos administrativos, de tamanha descompostura por parte do seu comandante e dos seus comandados.
Espero que os jovens profissionais, estudantes, famílias, até mesmo os políticos de boa índole, os metres e religiosos, não levem em consideração àquela exposição esdrúxula apresentada pelos responsáveis direto do Poder Executivo, aquilo não passou de uma insensatez, demonstração de como não se deve conduzir uma reunião, minimamente séria, nem mesmo aparteada por parte da plateia ali presente. Creio que o que foi apresentado, deve ter sido um aborto da natureza, ensaio de laboratório, na tentativa de gravar alguma live, de mau gosto por sinal, orientando como não se deve comportar em público, por pior que seja a situação.
Qualquer que tenha sido o pretexto daquele fato foi profundamente lamentável todo seu contexto, não havendo liderança, controle e condução de uma pauta elucidativa ou mesmo orientativa, cronometragem do tempo disponível para cada expositor e temas específicos para cada Ministério. A linguagem usada tanto do comandante da reunião e dos seus comandados foi simplesmente estarrecedora, não tenho dúvidas que em qualquer partida de futebol, por mais humildo que sejam os adversários em campo, a torcida se comportará mais respeitosa e digna que aquele comportamento ali presenciando.
Chegamos ao linear de uma linguagem chula, com palavras de baixo calão, de teor obsceno, comportamento que lembrava os antigos cabarés de beira de estrada nos cafundós do Judas, portanto uma apresentação deseducativa, indecente e imprópria para ser realizada em qualquer ambiente familiar, imagine dentro de um Palácio de uma República Federativa e Democrática.
O ex-ministro Sergio Moro deu um tiro tentando acertar um boi acertou uma boiada, ali ficou configurado quão triste se encontra os nossos Poderes constituídos, o Governo Central desqualificando os demais poderes, tanto o Presidente da República como parte dos seus auxiliares diretos usando adjetivos desqualificativos quando se referiam aos demais Poderes que causa vergonha em qualquer ser humano mesmo de modéstia moral.
Sinceramente, o Brasil se sente envergonhado depois daquela sessão de terror, o Ministro Celso de Melo devia ter nos poupado daquela sandice pública, o povo brasileiro merece um pouco mais de respeito por parte das nossas autoridades constituídas, não se trata o povo com tamanha indelicadeza, eles podem se tratar de qualquer forma, afinal, os Poderes se merecem. É por essa e outras razões que o povo perdeu o respeito tanto pelo Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
A única coisa que sobrou de positivo daquela reunião de 22/04/2020, foi a cara de incomodado por parte de alguns Ministros e do próprio Vice-presidente Hamilton Mourão, principalmente esse último, pela sua formação militar e a busca constante da perfeição, pelo seu elevado estudo na ordem, desde 971 a.C., pelos templos de Salomão, ou mesmo nos novos tempos, a partir de 1717, e pela aproximação da data de 1797, até mesmo 1801. Dessa forma fica sempre estabelecido que a união sempre se fez e se fará pela inteligência, nunca pela força ou pela desobediência.
Genival Torres Dantas
Poeta, escritor e Jornalista
genivaldantasrp@gmail.com.br
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