12 de junho de 1999 recebi telefonema da cidade de Recife, residência dos meus genitores, recebi a noticia do passamento do meu pai, Francisco Candido Dantas, uma melancolia tomou conta de mim. Fazia exatos 18 anos da ausência física do meu velho. Não pude nem ao mesmo participar do seu adeus, muito triste para um filho que defendeu seus valiosos préstimos aos que tinham por ele a paciência de conviver com a pausa e o silêncio dele, entre palavras, quando era chamado à informação e sua valiosa e criteriosa resposta aos assuntos mais diversos.
Quando fui comunicado da sua partida para uma esfera superior caiu sobre minha cabeça uma nuvem escura como a me dizer das dificuldades que estava por vir. Muito embora nossa comunicação fosse falha, eu morando em São Pulo, mais observava que indagava, preferia ouvir sua longa experiência nas respostas bem colocadas e esmiuçadas das palavras ditas mesmo que por via telefone, e de profundo raciocínio antes de qualquer colocação, da mais simples resposta que pudesse parecer ao menos avisado.
Esse era o conceito formado junto aos seus contemporâneos, uma figura de muito respeito, apesar dele não ter nenhuma intensão de se colocar como um analista e muitas vezes futurista das suas prévias e sensibilidade do seu tempo. Acertava sempre tudo, muito mais pela sua modéstia e criteriosa observação sobre os fatos que faziam à história da sua época, com uma dose de assertividade dos fatos que faziam a história ficarem mais próxima do dia a dia de uma população que construía no seu exato momento todo desenrolar promovida pelos seus gestos, dando uma dimensão fora do normal.
Todos tinham um trato com o desenvolvimento da base social e suas conexões verdadeiro apontamento daquilo que era o histórico de suas comunidades, assim, ele foi vivendo sem muita ligação com o material, gostando de ficar sempre limitado ao seu mundo espiritual e seu forte desejo de se manter ligado ao seu mentor, a quem se declarava devoto adorador, o seu Deus que nunca cheguei, a saber, quem era, sabia apenas da figura de maior respeito por ele venerado em toda sua vida.
Foi sem dúvida uma figura emblemática, um ser de poucos estudos, mas, de uma sabedoria abrangente, muitos dos seus amigos da época tinham essa característica, naquele tempo de recursos parcos havia muitos autodidatas, dentre eles, destacavam-se: comerciantes, pedreiros padeiros, agricultores, e tantos outros profissionais. O que eu mais admirava nessas pessoas era o fato de usarem seu lado parcimonioso não apenas para uso próprio, simplesmente usava esse dom para o desenvolvimento de muitos, tais quais e principalmente os filhos que eram por eles, os pais, estimulados a desenvolverem o intelecto, mesmo que para tanto, os filhos se deslocavam de suas cidades menores para grandes centros e Capitais, lá nas cidades maiores ficavam a grande concentração de faculdades, o custo era alto, entretanto, era a realização dos pais através dos filhos.
Sou muito orgulhoso de fazer parte dos pais que tivemos. Meus irmãos e irmãs comungam com o meu pensamento, desse modo, somos todos gratos, por tudo que eles fizeram por todos nós, se não foi muito, foi o possível que puderam fazer dentro das suas possibilidades. Hoje, somos famílias estruturadas, dentro dos ensinamentos deles, quando a preocupação com todos é o nosso lema.
Genival Torres Dantas
Escritor e Poeta
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