O Fato Sem Politicagem 23/12/2020
Temos um fechamento de ano político em ebulição com participação da polícia e até mesmo da justiça, essa última não querendo sair de cena do espetáculo nacional. Enquanto o Congresso marcava seus últimos passos em direção ao recesso parlamentar o atual presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), perdido entre suas escolhas para indicar seu candidato preferido para sucedê-lo no cargo, a indefinição fica por conta de dois nomes simpáticos aos opositores de plantão.
O deputado Agnaldo Ribeiro (Progressistas/PB) conta com a simpatia do PT e sai na frente, na disputa interna, contra Baleia Rossi (MDB/SP) entendido como o azarão dessa corrida, que tem apoio de parte da oposição, mas com restrições veladas pela esquerda depauperada, portanto sem poder opinar muito em decorrência da sua própria fragilidade, muito embora tenha seu peso na hora da votação, atuando apenas como eleitor quantitativo sem o qualificativo de outrora.
Como esse tipo de eleição para o comando da Câmara Federal sempre teve seus lances apresentados de última hora, os mais s céticos acreditam numa terceira via até o final do dia de hoje para que o próprio Rodrigo Maia possa levar sua campanha de apoio, ao seu escolhido, por todos os Estados da Federação, aproveitando o espaço aberto do recesso parlamentar, o que é uma grande chance para as devidas negociações com os parlamentares em férias.
Na outra ponta, temos um candidato, com apoio do presidente Bolsonaro, o Arthur Lira (Progressista/AL), líder do Centrão, tem contra si sua própria vida pregressa, exercida no Legislativo alagoano e com histórico nada orgulhoso para ele, por conta de uma rachadinha local, mas que é relevado por Bolsonaro, considerando que ele pode ser de suma importância, para o governo, no comando daquela Casa.
Enquanto isso, o Legislativo paulista aumentou, no apagar das luzes, salários do prefeito Bruno Covas (PSDB), reeleito, seu vice-prefeito e seus secretários de primeiro escalão, muito embora aplicação apenas para 2022 e o congelamento do IPTU do munícipio de São Paulo, vigência para o próximo ano. Uma verdadeira balaiada paulista na vigência da pandemia do Coronavírus. Sem se importar com seus apoiadores diretos, Bruno Covas se articula e começa apontando nomes para seu novo secretariado, com surgimento de Marta Suplicy, ex-senadora, agora na Secretaria de Relações Internacionais.
Um pouco mais distante dali, no Rio de Janeiro, nova lambança política, em operação empreendida pelo MP e a Polícia, o prefeito em exercício até, 31, próximo, Marcelo Crivella (Republicanos/RJ) foi preso por esquema de propina, segundo informações levantadas com rendimentos superiores a R$ 53 mi, implicando ainda em várias prisões de pessoas ligadas ao grupo do prefeito.
Lembrando apenas, o prefeito Crivella foi candidato na última eleição e não conseguiu se reeleger, ele que é pastor religioso, foi senador da República e tinha o apoio político da família Bolsonaro e próprio presidente. Mais uma situação de corrupção que Bolsonaro tem que engolir partindo de um elemento político do seu relacionamento, dessa forma, tem-se levantado a hipótese do presidente não ter muito cuidado com seus correligionários, ou ele não ter muita sorte nas suas escolhas.
Para não deixar o Judiciário fora do pragmatismo político, no qual se encontra envolvido, o STF e o STJ fizeram reservas junto a Fiocruz para envio de vacinas para uso nas duas casas, tanto para os seus ministros como para seus colaboradores. Ressalvamos que a Fiocruz negou o envio ao STJ, alegação feita foi que a distribuição fará diretamente pelo Ministério da Saúde com obediência aos procedimentos previamente estabelecidos.
Quanto ao STF que fizera reservas de sete mil doses da vacina para Coronavírus, a resposta até o exato momento em que escrevo esse texto ainda não tinha sido revelada, mas são consensuais, entre os jornalistas e até mesmo outros formadores de opinião, essa atitude do Judiciário lembra em atitude recente do MPSP, na tentativa de que seus membros fossem vacinados na primeira leva, caracterizando, dessa forma, privilégios de uma casta em detrimento de pessoas mais necessitadas, portanto vulneráveis ao vírus. Simples assim.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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